Mauricio Lourenço conta um pouco como compôs a trilha do Espetáculo Sortilégio

No candomblé cada Orixá tem músicas específicas, esta é o elo entre os Orixás e os seus filhos e filhas. As cantigas é uma forma de evocar e saudar as entidades. Pedimos licença aos nossos mais velhos e aos nossos ancestrais para apresentar as músicas a seguir.
A abertura sonora do espetáculo sinaliza uma força, uma aparição e o medo. É uma presença de Exú, com o mistério das ruas e a incógnita da escuridão.
Uma Ramunha é tirada com timbre sintetizado e atabaques e Gam ou rum pilé, gritos, tacos e sirene, vocais e ambientação.
Traremos o grande Obatalá que é o grande rei soberano, sua música contemplativa e serena trará vozes e ritmos que caminham juntos como água e ar adentrando numa linda celebração.
Para compor tal música tradicional, foi adotada a proposta do coreógrafo Zebrinha e logo foi criado um contraponto para termos uma sonoridade ritualística.
Do outro lado Iemanjá será traduzida com uma sonoridade levando ao sincretismo, a canção de Margarida é semelhante a uma romaria e dentro dela há xirê de Iemanjá, para lembrar o poder revitalizador das águas.
Com o grande deus do fogo, Xangô, a música é forte, empolgadora e quente, um hino aonde apresenta a sua força, seu lugar de rei.
Desenhando Exú, traremos uma trilha misteriosa e cheia de urbanização e linguagem universal para o poema ficar claro e passar a mensagem e verdade que a letra tem.
Como a espada certeira de Ogum sua música é mais ritualística, onde fala de um guerreiro que desbrava mundo e constrói ferramentas. A sonoridade desta música é como teu caminhar sem melindres, para tanto utilizo alguma palavras em Iorubá e penso no ritmo forte e atraente para envolver o seu universo que abri os caminhos.
Enquanto Oxumarê possuirá uma música a mais melodiosa, como seu corpo de cobra e tez colorida como o arco-íris. Quanto ao refrão vamos trazer dois orixás femininos, Ewá pela sua malemolência e relação fraternal e Obá pela sua verdadeira paixão.
E a canção final é para celebrar a resistência negra. Os instrumentos, atabaques, berimbau, vozes, ferramentas dos Orixás e músicas sintetizadas, são nada mais do que parte de nós, da nossa ancestralidade e identidade africana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário